quinta-feira, 30 de outubro de 2014

eu, Helena e Melissa




Helena queria nadar até a África, 
Melissa prefere as árvores...
Até onde olhos alcançam, 
as duas crianças, 
ordenam aos ventos, 
que movam-se 
entre os maços de bambus, ventarolas e arlequins 
munidos de pêssegos e goiabas

Meu caminho, 
são essas crianças, 
os caprichos do vento 
e a tua mão 

Helena voa num navio,
Melissa conta as sementes
e os grãos de areia

Antônio Eduardo para o sempre 
no véu das aparições,
nos dilúvios efêmeros das flores

No Reino eterno 
do tudo que brinca,
estão os pardais 
e as cidades, e as cidades,
e as cidades...
eu, Helena e Melissa 

( edu planchêz )

Estrelas do muito antes





O maior de todos os poetas 
que sou eu mesmo ( e você )
ao beijar os pés 
de Jorge Luiz Borges,
os mais de quinhentos desenhos riscados por Diego El Khouri 
nas lâminas 
do magnifico estrondo do choque 
de meu pensamento com o pensar
de todos que pensam,
desata com as unhas 
os fios de aço,
o laço do medo, 
a fúria dos que se enfurecem 
em nome de algo coberto de sol

Em nome de algo coberto de sol,
dedilho a lira, 
e clamo a Orfeu que também o faça

Sobre carroças de ouro e sal,
correm esse versos, 
corre a terra,
as Antares estrelas,
o novelo dos muitos sentidos

E você amorosa Cigana, dança,
expondo os seios, 
expondo a métrica e a simetria
do corpo que dança
contemplado por Nijinsky

Estrelas do futuro,
estrelas do muito antes,
estrelas... 

( edu planchêz )


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

É muito bom estar aqui e agora no centro do meu Rio de Janeiro




 ( Para Aloyzito )

É muito bom estar aqui e agora 
no centro do meu Rio de Janeiro...
na Copacabana atlética 
sublime pátria de amigos, 
de ornamentais sonatas...
por outros ângulos, 
vejo e revejo o Brasil, 
planta dourada emergida nas espumas 
de brancas bolhas, 
sim, minha pátria, 
esse teu filho, 
esses vossos filhos...
Nem fome, nem sede, 
nada de país dividido, 
nenhum ódio rasgará o teu horizonte, 
a pele de meus irmãos e irmãs

   ( edu planchêz )

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Walt Whitman gostava de ouvir...



"Walt Whitman gostava de ouvir 
sua avó Van Velson, 
contar a história do velho 
Salt Kossabone, seu tataravô, 
que contumava sentar-se 
em sua imensa cadeira de braços, 
perto da janela, 
em sua casa da colina, 
quando já era velho demais 
para navegar..."

E quantas navegações faço 
com o velho Whitman, 
pelos charcos da Nova Guiné 
de meus sonhos tri alucinados?

Esses nossos aliados que andaram 
pelo Arizona 
e por Aparecida de Goiania,
arriscando todas as fichas 
numa iluminada...
"procissão de suicidas"
viajando nos porões 
de uma garrafa cheia de versos 
por demais amargos, 
por demais encravados 
nos pintas do cogumelo 
da "bomba de estrelas"?

Walt Whitman gostava de ouvir 
nossas irmãs Sarah El Khouri 
e Ana Lúcia Planchêz 
fumarem os pêlos da vagina, 
e os pêlo do monstro 
comedor de letras e cus
que mora nas lanternas
dos que não nasceram 
para a mordaça

Diego El Khori, 
me identifico com você 
e o com o Joka Faria 
+ o Ivan Silva
por sermos poetas devotos 
do sonambulismo das aranhas escrotas de tanto foderem 
aranhas escrotas

Me mostraste os estraçalhados versos do Sabotagem
numa noite de muita maconha,
de várias punhetas,
de necas de doses de mescalina,
sem nenhum botão 
espinhoso de peiote
para mascarmos diante do fim 
do mundo nada eletrificado
dos que nada pensam
porque nunca foderam com a poesia
pica das galáxias 

E esses merdas obsecados 
por mentira e poder...( que sifu)
na real, nos sirva (você) 
um morrão de ouro
( assim se dizia na Bahia 
do poetáço Valente Junior), 
desses que você 
(Diego El Khouri Plural)
guarda nas dobras do brusão
de couro de buceta

     ( edu planchêz )

domingo, 19 de outubro de 2014

Se quiser, me chame de Alexandre


     (  À Dilma )

Enormes monolitos,
desmoronam sobre os ângulos 
do meu habitat,
me contorço, dou gritos, 
ouço gritos;
são pedras das praias de meu estradar atômico,
de tudo que contesto 

e contestarei

Raios mais que elétricos,
mais que vermelhos correm
e com eles, 
a desejada chuva

Lindos relâmpagos,
coriscos de toda sorte
maravilham minha alpina visão,
nada é capaz 
de me arrancar do peito,
o poder bravio 
do nunca me entregar,
do nunca permitir que as armas...
dos que mentem,
se tornem vitoriosas,
pois, sou o General dos Generais.
se quiser, 
me chame de Alexandre.

( edu planchêz )

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Anjo de ouro azul



 Anjo de ouro azul, poesia de chuva 
que me abraçou nesse 08/10/ 2014, 
obrigado por tanta beleza, 
por tanta doçura e cumpricidade

Os oito mil ventos vindos da prata das luzes
de nossos corações movidos a soluços, 
estão ai em tua casa, 
nos pensamentos que ora tenho,
nos pensamentos que ora tens

E me vou pelos dias de Libra, 
pelos vindouros dias de escorpião, 
dias nossos, 25, 26...

Nasce aqui uma aliança, um elo,
um magnífico cenário: eu e você,
a história que escreveremos 
com os nossos corpos no corpo do mundo

Sou das palavras um artíficie,
um que move roldanas de pétalas
com cordas de puro perfume

Que poeta é esse?
Que mulher é essa?

Fios dourados se esticam
para que neles andemos
cobertos de beijos

O último romântico, o único romântico,
as plumas que nos cobrem durante o sono,
a água que nos lava ao acordar

Essa mulher, esse homem,
essa Malu Magalhães do meu agora...
ei de pular, dar saltos, morder bandeiras
rubro-negras, azul-douradas,
bandeiras carmins...

E eu amo, 
não importa que seja somente eu 
que se agite nesse som, nessa música...
mas que ambas as voltagens, 
ou polos se encontrem em duas únicas bocas

    ( edu planchêz )

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

TIGELA




Grandes poemas foram escritos,
isso aqui não é um grande poema,
apenas uma...porta,(?)

o Menestrel...Vento?

Preso a nada,
ligado a tudo,
assim penso,
assim contra e a favor
do que tinge minha face,
os ventos prosseguem
alisando os que se aventuram
aos ventos


Dizei, homo sapiens que há em mim,
o prazer de orbitar no escuro

De Mali, se erga dos charcos,
as salamandras,
das pedras, as figuras,
o de sempre,
o de nunca,
o matrimônio
que meu ventre sempre experimenta


Que seja, esse, 
o artigo exposto na vitrine,
a tigela que caiba nossa janta


Alvaro de Campos,
o Oriente do Oriente do Oriente,
o Oriente...
 

Um minúsculo louva-a-deus,
esteve cá na branca meia,
esteve ele na chuva,
voltaste por minhas mãos a ela

E na nova noite de sono,
me gusta de sob o canto dos sapos,
reunir-me com outros reinos
mergulhados na salmoura,
há de vir de cada criatura
do cloreto de sódio,
o desenho que todos procuram


( edu planchêz ) 
 Itaipú, RJ, 01-10-2014